terça-feira, 31 de janeiro de 2012

né.

"hoje eu conversei comigo
e me foi dito
'vá ser feliz'
porque não é egoísmo
querer-se bem."

(Carol Canton)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Leishmaniose Visceral Canina.

Oi, hoje eu vim bater um papo sério. Um assunto muito polêmico e não são mamilos. É a doença neglicenciada LVC. Eu peço, de coração, que leiam até o fim, se você curte seu animal ou se tem qualquer outra pretensão. Não estou aqui pra mudar a cabeça de nenhum profissional da área da saúde, apenas expondo fatos. São dados do meu Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas.


"Como controle da doença foram adotadas três medidas básicas: tratamento dos casos humanos, eutanásia de cães soropositivos e redução na população dos vetores, com uso de inseticidas. O diagnóstico da doença é feito através dos aspectos clínicos, visualização das formas amastigotas de Leishmania sp., testes sorológicos como o Ensaio Imunoenzimático (ELISA) e Reação de imunofluorescência indireta (RIFI), os quais são recomendados pelo Ministério da Saúde, técnica de imunoistoquímica e a PCR (reação em cadeia pela polimerase), que ainda não possui aplicabilidade no programa de controle da LV, porém apresenta grande sensibilidade ."


"No Brasil, há adoção de medidas de controle pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), como a eliminação de animais soropositivos para a L. chagasi em áreas endêmicas. Migração de grande contingente populacional para centros urbanos decorrente de profundas mudanças na estrutura agrária do Brasil trouxe para a periferia das cidades pessoas e cães de áreas rurais onde a doença era endêmica. O que antes era classificado com doença exclusivamente de áreas rurais, de dez anos para os dias de hoje, tornou-se uma endemia de áreas urbanas, com ampla distribuição, ocorrendo surtos epidêmicos em diversos estados do Brasil."


"O Ministério da Saúde (MS) juntamente com a FUNASA, convocaram consultores para analisar o programa atual e propor mudanças para o controle da LV no país, devido a pouca eficiência reconhecida pelo MS. Este programa brasileiro é composto por três medidas de saúde pública, sendo elas 1) distribuição gratuita do tratamento, 2) controle de reservatórios domésticos e 3) controle dos vetores. O programa de eliminação de cães apresenta o menor suporte técnico-científico e foram identificados alguns pontos de maior fragilidade como a falta de correlação entre a incidência cumulativa de LV humana com a soroprevalência canina, também demonstram que outros reservatórios podem ser fontes de infecção, tais como pessoas, canídeos silvestres e marsupiais, baixa eficiência dos testes sorológicos e falta de indicadores clínicos ou laboratoriais de infectividade de cães para o vetor."


"No II FORUM DE DISCUSSÃO SOBRE O TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA (LVC), realizado no ano de 2009, puderam concluir que o tratamento representa risco para a saúde pública com consequências, como contribuir para a disseminação de uma enfermidade que resiste na morte de, em média, 6,7% dos seres humanos acometidos no Brasil, manter cães como reservatórios, o que representa risco para a população humana e canina, podendo então o parasita desenvolver resistência aos medicamentos disponíveis e dificultar a implementação das medidas de saúde pública, reforçando a resistência da população à eutanásia de animais soropositivos."


Com base nesses dados e nas entrevistas que fiz com 3 especialistas pude concluir:


Técnicas de Diagnóstico:


O teste de diagnóstico mais confiável é a observação direta do parasita em esfregaço de medula óssea e linfonodos, porém, pode ocorrer a impossibilidade de detectar o parasita. Os métodos sorológicos também são úteis, como o ELISA e o RIFI, sendo métodos indiretos, o primeiro sendo de triagem e o segundo de confirmação. Nas regiões em que ocorre o endemismo, são realizados esses testes sorológicos. É recomendada a associação de vários métodos por não haver um que seja 100% de especificidade e sensibilidade, sendo pelo menos um dos métodos o parasitológico, evitando dessa maneira, resultados falso-positivos e garantir, concomitantemente, a identificação dos animais infectados.

 Apesar de o teste RIFI ser sensível, sua especificidade não é alta, apresentando cerca de 85% de reações cruzadas com os agentes etiológicos da Doença de Chagas a Leishmaniose Tegumentar, ocorrendo a inviabilização do seu uso rotineiro. Assim como o teste RIFI, o teste ELISA é rápido e de fácil execução, um pouco mais sensível e um pouco mais específico que o anterior, permitindo a detecção de baixos títulos de anticorpos, mas sendo pouco preciso na detecção de casos subclínicos e assintomáticos.

PCR:

O maior obstáculo para a interpretação de testes sorológicos é a ausência de informações parasitológicas. A técnica de PCR tem demonstrado ser altamente sensível para o diagnóstico clinico da LVC a partir de poucos exemplares de sangue do animal. A PCR é capaz de identificar a doença mesmo quando a presença de amastigotas é muito baixa até para testes mais sensíveis, mas esse método deve ser analisado com cautela nas campanhas epidemiológicas, pois detecta apenas o DNA do parasita e não a doença em si, diferentemente do teste parasitológico.

TRATAMENTO:

O tratamento de cães não é recomendado (Ministério da Saúde), pois o cão ainda continua sendo reservatório do parasita. As tentativas de tratamento por meio das drogas usualmente empregadas têm demonstrado baixa eficácia e podem levar ao risco de selecionar parasitos resistentes aos medicamentos utilizados no tratamento humano.  A Portaria Interministerial nº 1.426/2008, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, estabelece a proibição do tratamento da LVC com produtos de uso humanos ou não registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém, em Campo Grande, tem-se o direito ao tratamento de cães soropositivos, decorrente da de uma ação civil movida pela ONG “Abrigo dos Bichos” devido à conduta de matar cães soropositivos com a justificativa de controle da leishmaniose visceral.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro pesquisou durante 20 anos uma maneira para desenvolver a primeira vacina canina do mundo contra a LV. Essa vacina está registrada no MAPA, mas ainda não teve o uso aprovado pelo Ministério da Saúde. 
http://www.ogritodobicho.com/2011/10/fabricacao-de-vacina-contra.html A Vacina foi liberada em out/2011. atualizando a informação.

Foco no combate à doença:

O impacto da retirada dos cães soropositivos em diversos lugares estudados, não foi relevante e esse critério de retirada com base em testes sorológicos deve ser reavaliado. A prioridade do programa de combate à LVC deve ser dada aos vetores, em vez da ênfase dada atualmente aos reservatórios. Foi considerada a necessidade de analisar a densidade do vetor e correlacioná-la com os aspectos ambientais dos domicílios, tais como a presença de vegetação e matéria orgânica no solo, que podem ser importantes abrigos para o criadouro dos vetores.

No Brasil pôde ser concluído com estudos que a utilização de coleiras com repelentes (deltametrina a 4%) é mais efetiva que a eutanásia em cães soropositivos.

CONCLUSÃO:

As estratégias para o controle devem ser focadas na erradicação do vetor na prevenção da infecção e proteção do animal infectado, com o uso de inseticidas e repelentes no peridomicílio e coleiras impregnadas também com substâncias repelentes no cão reservatório. Foi comprovada a eficiência destas coleiras, podendo reduzir em até 54% o risco de infecção. A castração é uma alternativa para a redução da doença, pois é capaz de manter a população canina a níveis aceitáveis, restringindo o número de reservatórios.
A vacina contra a LVC é considerada uma alternativa segura, protetora e imunogênica para o tratamento e desenvolveu de 92 a 95% de proteção contra a doença. Com relação aos testes de diagnóstico, o melhor meio de diagnosticar a doença nos cães, é a associação de pelo menos um método parasitológico juntamente com um sorológico, para tirar-se a dúvida sobre resultado negativo ou positivo e o teste de PCR é o que possui maior especificidade e sensibilidade para detectar a doença.
O critério da retirada dos cães com base somente nos testes sorológicos deve ser reavaliado. Ainda que não haja a cura parasitológica da doença nos cães infectados, o tratamento pode ser uma alternativa para a redução da carga parasitológica no animal, transformando-os menos infecciosos para o vetor. A eutanásia deve se restringir para os casos em que o tratamento fosse inviável, assim manter-se-ia um controle dos reservatórios infectados que realmente pudessem ser tratados.

 Eu tenho uma cachorra com Leishmaniose Visceral Canina e ela está sendo tratada há 5 meses. 




Qualquer dúvida, reclamação, xingamentos - comentários. Beijos.




.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

..

eu fecho os olhos e vejo tudo preto, como se não houvesse mais solução pros problemas, como se uma nuvem encobrisse todas as coisas boas.